“Ninguém faz pelos netos o que fazem os avós. Eles salpicam uma espécie de pó de estrelas sobre suas vidas” (Alex Haley)

Li a frase acima outro dia e fiquei pensando: “Que bonito! Será mesmo?”

Revisitando a infância – velhíssimos tempos! – vejo minhas avós e até uma bisavó, atarefadas com as lidas diárias, envolvidas com panelas de ferro e fogões a lenha, cozinhando pratos simples, mas de sabor inimitável. Tudo para alimentar bem a família numerosa.

Por mais ocupadas que estivessem, sempre arranjavam um jeito de nos dar atenção: um afago nos cabelos, oferecimento de um doce ou o convite para colher alguma fruta no quintal espaçoso. Ah, as limas, goiabas, uvas, jabuticabas, amoras… Delícias sem comparação que deixaram suas marcas de saudade.

Na verdade, ir à casa dos avós era ir ao encontro do aconchego, para sair de lá com o estômago sossegado, a alma aquecida pelo carinho e a mente borbulhando com histórias de aventuras. Era mesmo o pó de estrelas polvilhado sobre nossas cabeças, que nos encantou a infância e ainda encanta a lembrança.

Creio que todos têm alguma recordação desse tipo. Em algum lugar, em algum momento, alguém salpicou pó de estrelas sobre nós, quando nos ajudou, amparou, consolou, abraçou ou apenas sorriu com doçura.

Hoje, no papel de avó, sinto o amor me escapando pelos poros quando encontro meus netos. Como não me derreter se, só de falar com o Samuel, ele me oferece seu sorriso mais encantador? E a Bel, quando chega de bracinhos abertos, me abraça e, sorrindo, me puxa pela mão, dizendo “Vem, vovó, vem!” Então, sou eu que tenho a vida salpicada pelo pó de estrelas!

Isso me levou a refletir sobre nossos relacionamentos. Por que não imitar essa atitude com as pessoas com as quais convivemos, na família, na vizinhança, no trabalho?

Se é tão bom receber, por que não espalhar também esse brilho, esse encantamento por onde passamos?

Pó de estrelas vale a pena compartilhar!

Post original do Blog “Crônicas da Alma