Sempre fui da turma que ama pensar e filosofar. Isso não é muita novidade e não veio agora depois dos trinta.

Quando completei os meigos 15 anos, ganhei o livro “O Mundo de Sofia” do meu professor de História, Anderson Deo. De longe, um dos melhores presentes recebidos naquela festa de debutante wanna beEsse livro me acompanhou em uma jornada que não acabaria: a descoberta do pensamento. Guiada por esse e outros professores incríveis que tive no Colégio Eduardo Gomes, pude desenvolver meu lado crítico, pensador e provocativo.

Confesso: penso mais do que deveria. Fazer o quê? Gosto de pensar.

O Direito me ajudou absurdamente a desenvolver esse lado “aristotélico”. Na grade do primeiro ano, fui apresentada à Filosofia Geral e à Sociologia Geral. Depois, conheci a Filosofia Jurídica e a Sociologia Jurídica, dentre muitas outras matérias específicas feitas para digi-evoluir esse “bichinho pensante” que mora em cada um de nós. No último ano tive até Psicologia Forense. Tudo isso para dizer que morro de amor por pensadores.

Quero, então, provocar você a pensar sobre essa tal de autoajuda. Ou, melhor, sobre os escritores cuja âncora seja falar sobre autoajuda.

Preciso dizer que me intriga essa linha de pensamento que generaliza a atitude de um ser humano, dando soluções universais para que ele “seja feliz”, “faça amigos e influencie pessoas” (Dale Carnegie), encontre “5 passos para a felicidade”, descubra magicamente “como viver bem depois dos trinta”, entenda a “Ansiedade: como enfrentar o mal do século” (Augusto Cury).

Guardado o devido respeito a esses escritores, quero ter a liberdade – e aqui tenho! – de discordar deles.

Eu não consigo me generalizar. Gosto de pensar que cada pessoa é única. Já sabemos disso, pelo nosso DNA, ou pelas digitais nos dedos. E eu descobri isso um pouco cedo, com o Antoine de Saint-Exupéry e sua aventura com o pequeno príncipe, sua rosa, sua raposa. E a cobra.

Então, qualquer provocação ao pensamento genérico, que sirva para todos-os-tipos-de-pessoas-da-sociedade-humana, não parece ser correta, pra mim.

Não gosto de dicas que me “auto-ajudem”, a não ser que o autor desse livro seja meu terapeuta! E que o tal livro sirva apenas a mim.

Minha intenção não é soar egoísta. Apenas quero lembrar que cada indivíduo é único.

Se você sofre de ansiedades mil, bem-vindo ao time. Mas isso não significa que qualquer livro que fale sobre a famigerada “Ansiedade” irá fazer a gente deixar de ser ansioso! Entende? Para mim, vai funcionar de um jeito. Para você, de outro.

Toda generalização é burra. Percebe?

Acredito que somos parte de um todo, sim. Mas um todo que é único. Um todo em que cada parte é única. Onde cada parte, única, se une, e se completa, na mesma medida em que se incompleta.

Precisamos querer encontrar nosso papel nesse mundão. Não adianta você se generalizar. Há algo em você, além das digitais e do DNA, que só você tem.

E, talvez, eu fale “mais do mesmo”, mas é assim: quanto mais nos enxergamos partes de algo muito maior do que nosso pequeno mundo, mais a gente se conhece, e mais a gente se abre para conhecer.

Deixo aqui, para terminar – ou não! Olha que maravilha… – e para você pensar, a letra de uma música:

Brincar de Viver
Guilherme Arantes

Quem me chamou?
Quem vai querer voltar pro ninho e redescobrir seu lugar?
Pra retornar e enfrentar o dia-a-dia
Reaprender a sonhar

Você verá que é mesmo assim, que a história não tem fim
Continua sempre que você responde sim à sua imaginação
A arte de sorrir cada vez que o mundo diz não

Você verá que a emoção começa agora
Agora é brincar de viver
E não esquecer, ninguém é o centro do universo
Assim é maior o prazer

E eu desejo amar todos que eu cruzar pelo meu caminho
Como eu sou feliz, eu quero ver feliz
Quem andar comigo, vem.

E, não esquecer, ninguém é o centro do universo.

Assim é maior o prazer.

Grifo meu. Prazer nosso.

 

Ouça a música: