Sexo é um troço injusto pra caramba.

Parece que a gente sempre perde o timing.

Lá no começo, na adolescência, quando os hormônios estão à flor da pele, todo mundo com energia, vontade e tempo sobrando, a sensação é de que transar é algo errado. Pelo menos para as meninas. E o medo de o cara espalhar pra geral? E se as pessoas acharem que você é “galinha”, “vaca”, fácil? E o desespero de engravidar? E o receio de não saber fazer direito?

Aí, passam-se alguns anos. O tempo sobrando já é mais difícil. Faculdade, estágio, o problema da grana curta… Quanto custa jantar fora, ir para o bar, esticar para o motel? E a correria é tão grande que o cansaço já começa a bater. Vem a vontade de acalmar. De procurar alguém que te emocione, como diria um amigo meu.

Só que então, com o relacionamento sério, incluindo casamento, a quantidade de vezes que a gente faz sexo cai, e vai caindo, e segue caindo…

E, por incrível que pareça, a falta de interesse não vem só das mulheres, como a maioria pode pensar. Tem muita amiga minha reclamando que o parceiro não se dedica mais como antigamente nessa área. Estresse do trabalho, cansaço, coisa e tal. E mais, arrisco a dizer que 100% do universo reclama da forma do approach. Não tem aquela pegada gostosa – de quando éramos jovens (pessoas de 30+ reclamando).

Lembro de uma amiga, que estava em um relacionamento decadente, contando que o namorado tinha sempre o mesmo ritual quando queria transar:

“Quando ele tira os óculos e coloca no criado-mudo, quero morrer, porque sei que ele vai vir pra cima”.

Nessa fase adulta, tem também o problema de agenda. Difícil querer fazer sexo antes de ir a um casamento, quando você dedicou horas naquela maquiagem, penteado e vestido. Tentar começar uma brincadeira às 23h não dá. O pique não é mais o mesmo, pessoal. Agora tem que trabalhar, cuidar da casa, ir ao mercado, fazer jantar. Não rola. Como diz essa mesma amiga dos óculos no criado-mudo: “quando vai ter, bloqueio a agenda”.

No meio da madrugada? É mancada. Como eu ODEIO aquelas cutucadas. Confesso que fico bem quietinha, mal respiro, esperando ele desistir. Teve uma vez que resolvi retribuir e fui pra cima. Acredita que o sem vergonha estava dormindo? Virou para o lado e continuou seu sono. Aí aprendi que, às vezes, é um lance meio sonâmbulo, então fico com menos peso na consciência de me fingir de morta.

E depois de parir, minha gente?

Em um grupo no Whats uma pessoa começou a abordar a separação da Fernanda Gentil. Outra disse que a culpa era da traição do marido. Sei que saiu um comentário do tipo “tem que ser muito FDP para trair a mulher que acabou de ter um filho, né?” Claro, tem que ser sim. Mas propor sexo a uma mulher com um recém-nascido é pior que um xingamento. No auge do meu cansaço, respondi no grupo: “prefiro que ele procure na rua a vir perturbar no meu descanso”…

É um exagero, claro. Parceiro que é parceiro aguenta o furacão passar se virando sozinho. A privação do sono é um crime e, qualquer minuto livre, a mulher quer passar dormindo, vai por mim.

Além da falta de vontade e de energia, o problema é fisiológico. O corpo está todo voltado para a amamentação, a ovulação fica on hold, e a gente não tem lubrificação. A cada transa, um tubinho de KY. E, mesmo assim, não é uma delícia. Pelo menos comigo foi desse jeito.

Fora o sexo a três: o casal e a babá eletrônica.

Outra amiga conta que enquanto o parceiro mostrava toda sua desenvoltura, ela soltou um: “o lençol tá na cara dele!”

Que clima resiste a isso?

Difícil. Mas passa.

É preciso conversar, acertar os ponteiros. Nem toda vez precisa de desempenho completo, uma rapidinha cai super bem. Se dedicar à iniciativa é uma ótima. E deixe pra lá que você acabou de tomar banho e passar seu creme super caro. Vai valer a pena esse pequeno desperdício cosmético.

Como diria outra sabia amiga: sexo depois de casado é como ir à academia.

Dá uma preguiiiiiça mas, depois que vai, a gente pensa: ai, que bom que fui.