Ainda existem homens que procuram poesias no coração de uma mulher.

Ainda existem homens que vasculham os álbuns de fotos à procura das viagens que elas fizeram, dos livros que elas leram, do mundo em que elas vivem – não simplesmente atrás das curvas de seus corpos.

Ainda existem homens que preferem simplicidades raras a carros caros. Corações de carne a cartões de crédito.

Ainda existem homens que não trocam olhares sinceros por camas vazias, que não negociam princípios por prazeres, que desejam construir histórias concretas de amor.

Onde estão esses homens? Estão livres. Solteiros. Entrelaçados apenas com as belezas da vida. Só que nem sempre há pessoas prontas para homens assim.

Nossa geração materializou o amor e enfeitiçou a paixão, afirmando que andar de mãos dadas somente é válido pra curtição. Dividiu mente e coração, como se ambos fossem inimigos mortais habitando dentro da gente. Batizou o amor como o pior dos crimes, que pode ser cometido num ato cruel de traição. Fez do sexo seu deus predileto, ao lado da gana de sempre querer mais e mais pessoas que lhe aprazem.

Diante disso tudo, mulheres caem facilmente no conto de que os homens bons se extinguiram. Sumiram. Ficaram jogados no passado. Graças a uma ficção inventada pelos cafajestes para que eles nunca percam sua vez.

Muitas mulheres também aderem às propostas das “amigas”, da mídia, das ruas, das meninas sortidas. Colocam os machos vagabundos como parâmetros pro mundo. Cancelam os sonhos mais lindos e íntimos sobre uma vida a dois. Apertam o botão do “quero ser feliz sozinha”.

Até que certos rapazes se sentam em suas mesas, perguntam seus nomes, cantam em suas janelas, aparecem em suas esquinas. Esperançosas, deixam-se envolver, num espaço curto de tempo, por mais um cafajeste. Veem a si próprias, em suas crises e decepções, num afogar interior sem fim. E reiteram, sem vacilar: “homens não existem, só moleques. E com eles não queremos ficar”.

Há, no entanto, homens diferenciados. Homens que não são moldados pela ostentação, mas pela simplicidade. Não pactuam com coisas fáceis; topam desafios que os façam crescer. Não gostam de envolvimentos esporádicos, e preferem continuidades. Detestam mentiras, excesso de maquiagem e mulheres que nunca descem do salto. Gostam mesmo é de olho no olho, pés junto aos pés, mãos que se tocam sem pressas e abraços verdadeiros. Treinam com barras de ferro, entretanto não perderam o equilíbrio interior e a sensatez.

São homens reais, que trazem em seus corpos e em suas almas marcas reais – fatos doloridos, profundos -, por isso, detestam ser comparados a príncipes encantados. São homens de bom cheiro, perfumados pelo aroma da masculinidade, banhados por uma elegância natural. São fiéis, cercados pela família e por amigos de bem. São homens que só se entregam a uma mulher quando encontram paz e leveza dentro dela. Renunciam brigas, não aderem às chantagens emocionais, recusam aparências.

Homens inteiros ou que já foram mutilados um dia, mas que não perdem o caráter em aventuras de meninos. Homens fortes de tão calejados pelas fases da vida. Homens fora de moda, pois não nasceram para perdurar uma estação apenas. Homens forjados nas provas do dia a dia, no batente da história de cada um. Homens raros que só podem ser encontrados quando elas trilharem pelo caminho da sabedoria e do amor, quando elas aprenderem a decifrar seus olhares e corações.

Homens completos em busca de mulheres – também completas – que tenham coragem de andar com eles. Lado a lado.