Deixamos de ter hábitos e passamos a ter vícios.

Já parou pra pensar nisso?

Recentemente me descobri uma adicta.

E, se você chegou aqui pensando em ler sobre drogas pesadas (álcool, meta, LSD, cocaína), te digo: errou feio, errou rude.

Um dos meus vícios tem a ver com coca sim. Mas, no caso, é a legalizada. Aquela composta de um liquidozinho maravilhoso, pretinho, cheio de gás e cuja abstinência de dois meses tem me levado a questionar cada vez mais meus hábitos alimentares e a forma com que tenho lidado com meu corpo ao longo da minha existência.

E isso não é papo de natureba, não! Até porque estou bem longe disso: não sou vegetariana, nem adepta de dietas, nunca faço exercícios e levo uma vida bem sedentária. Também não me orgulho de nada disso, vale ressaltar. Exceto de não ver problemas em comer carne (porque, de verdade, gosto mesmo, mas também não critico quem não o faz. Cada um com seu cada qual).

A questão aqui é que, apesar de ser essa pessoa que descrevi acima, acredite, sempre me julguei um ser saudável. Pode rir, mas é verdade!

Miga, sua loca, como assim? Você não acabou de dizer que é sedentária?

Sim, eu disse. E sou. Mas, como sempre andei bastante a pé e, desde que parei de fazer atividades físicas regulares (porque em um passado distante chamado adolescência, quando se tem mais tempo livre, é isso o que a gente faz, não?), nunca tive sérios problemas de saúde, nem de aceitação do meu corpo. O que significa que eu também jamais precisei fazer dieta, porque não estive acima do peso. Até porque quem me conhece sabe que como pouco durante as refeições (apesar de tragar doces todos os dias e fast food toda semana).

De toda forma, querendo ou não, o tempo passa.

E temos que aprender a lidar com novas limitações impostas pelos nossos corpitchos ao longo dos anos.

Óbvio que quando estava na faculdade e trabalhava, como quase todos os estudantes trabalhadores da face da Terra, cheguei a ter gastrite. Mas parece que quando a gente é novo, passa por este tipo de situação depois nem lembra como era.

Acontece que, se a gente não se cuida, o corpo fala. Ou grita. 

E mostra que nem sempre será tão fácil se recuperar de maus hábitos que viraram vícios.

E daí que, no auge de meus 33, voltei a sentir dores fortíssimas no estômago.

Numa dessas, o doutor me passou uma listinha de coisas para não comer de-jei-to-ne-nhum. Junto dela, um medicamento que custou quase R$ 300 reais. Batata grande acompanha? Não, não. No lugar, um pedido de endoscopia e uns tantos outros exames.

A partir desse fatídico dia, passei a achar uma hipocrisia da minha parte tomar um remédio tão caro e seguir me alimentando de forma errada, sabe?

Não é pela grana. É pela falta de bom senso e de comprometimento com o meu próprio bem-estar.

Também não vou dizer que tem sido lindo tentar ser uma pessoa saudável, porque é difícil chegar numa mesa em que estão todos comendo gorduras maravilhosas e bebendo uma coquinha e simplesmente ter que aprender a dizer não.

A cada tshisss de latinha abrindo ao meu lado no restaurante, tenho uma mini taquicardia. A cada Coca-Cola de dois litros compartilhada em família, tenho que me concentrar ainda mais nos milhares de sabores de sucos que levei na mochilinha.

Ai, que drama, né? Você fala da sua dependência de Coca-Cola como se fosse algo grave, como se pudesse ser comparado aos vícios de quem tem problemas químicos de verdade. Que ridícula, você!

Pode até parecer um drama bobo, mas não é. Adotar uma vida saudável é difícil para qualquer um. Pergunte a quem fez bariátrica, para ter uma ideia. Para fazermos mal ao nosso corpo, a gente não precisa necessariamente de uma substância proibida.

Bebida alcoólica, por exemplo, na minha humilde opinião, é uma das piores drogas deste mundinho. E tá aí, liberada, na maior parte dos países. Vai dizer que não conhece alguém que já consumiu em excesso e fez merda?

A hiper-conectividade também é um dos vícios tenebrosos da nossa geração. Café em excesso, quem nunca? Over-exposição de filhos, cachorros e da vida também não deveria ser considerada prejudicial? O que dizer dos workaholics?

Que tipo de vícios você tem mantido e ainda não se deu conta?