Abre email. 345 mensagens. Revira os olhos.

Que bolsa fica melhor? Pra todas as professoras? Ou só sapato? E os tios da portaria? Melhor só chocolate? Que tal um caixa de bombons? Geleia artesanal? Quem vai assinar o cartão? Quem pode comprar o presente? Essa cor está boa? Quem vai participar? Que tal irmos na pizzaria levar a criançada?

Toca o telefone. Um suspiro.

Amigo secreto, dia X, hora Y, onde vai ser? Boteco? Rock and roll ou lounge? Churrasco? Sábado ou domingo? Almoço ou tomar umas? Só a mulherada?

Pinga um Skype. Pisca um olho.

Almoço pra celebrar as metas do final de ano, que tal? Peixe, carne ou um vegano? Centro, perto da sua casa ou aqui do lado? Metrô ou carro? Quinta ou sexta-feira? Happy hour? Café da tarde na padoca da Augusta?

Abre WhatsApp e prende o fôlego.

Família toda reunida! Quem vai trazer a avó? Tem que ser de domingo? Metade dos tios não podem, mudamos o dia? Leva sobremesa ou bebida? Amigo secreto? Só criança? Todo mundo? Qual valor? Quem vai ser o Papai Noel? Onde está a roupa dele?

Chega um e-mail. Vão-se as forças.

Que brinquedo elas querem? E se escolhermos outro? Já viu na loja? Tem maior? E no Mercado Livre? Mas encomendo quando? E se demorar pra chegar?

Toca a campainha. Quer se jogar pela janela.

Ceia na sua casa ou minha? Quem leva o peru? Vai ter rabanada? Seremos quantos? Já tem as bebidas? Vai colocar uva passa??? Cabe na sua sala? Champanhe só à meia-noite?

Abre um panettone apenas pra não esquecer que é só Natal.

Mas que marca é essa? Não tinha chocottone? Quanto custou? E aquele trufado?