Pobres e ricos foram ensinados a administrar suas finanças pessoais – intencionalmente ou não – por suas famílias.

A essas lições absorvidas, acrescentaram níveis diferentes de pró-atividade e interesse em aprender sobre como lidar com seus recursos financeiros: uns muito, alguns pouco, outros nada.

Deu no que deu.

Já ouviu aquela história do pai esforçado que fez do filho um homem rico e do neto um pobretão? Diz a lenda que, apesar do enorme trabalho e da dedicação desmedida do pai, o filho rico que recebeu tudo “de graça” não soube valorizar a fortuna herdada. Muito menos administrá-la com inteligência. Pouco esforço foi necessário para que vivesse confortavelmente. Achou que a vida era fácil. Coitado do neto. Não aprendeu nada sobre o necessário esfolar-se diário, pois o que absorveu para si nada tinha a ver com a postura batalhadora do avô, e sim com a atitude relapsa do pai.

Pra quê todo esse mimimi? Para dizer que a culpa toda é dos nossos pais?

Hell, no.

Mais do que vítimas dos nossos ancestrais, somos também vítimas do banco (que tem interesses próprios) e de nós mesmos (pelo descaso que muitas vezes temos com o assunto).

Só que de nada adianta adotarmos uma postura passiva diante dos temas que nos assombram. Está em nossas mãos assumir de vez as rédeas de como tirar o melhor proveito dos frutos de nosso trabalho.

Ilustremos com um exemplo: tanto os “muquiranas” quando os “mão aberta” podem ter raízes em famílias que passaram por necessidades financeiras. A diferença é que tais famílias reagiram de formas diferentes ao gerir seus próprios recursos: a dos muquiranas adotou uma postura conservadora, como medida de proteção ao trauma, enquanto a dos mão aberta escolheu o oposto, a abundância, como ruptura com o passado e afirmação de uma nova fase.

Não tem certo nem errado. Tem o seu jeito de lidar com dinheiro.

E, claro, as consequências de suas escolhas.

É certo que alguns prejudicam seu patrimônio porque têm que sustentar os pais (assim como alguns pais não aproveitam a aposentadoria porque têm que sustentar os filhos), mas isso é mais pontual em dado momento da vida do que a sina de nascer numa família marcada pela característica – seja ela qual for.

A forma como administramos nossas finanças pessoais não apenas tem consequências em nossas rotinas, mas ensina e influencia nossas famílias a serem – ou não – responsáveis na gestão de seus recursos. Se somos interessados em gerir bem nosso patrimônio, por menor que ele seja, reverberamos uma postura positiva e influenciamos uma rede enorme de pessoas a fazerem o mesmo. Se, do contrário, fomos apáticos e seguirmos a filosofia do Zeca Pagodinho, a vida vai, sim, nos levar, nas marés altas e baixas das crises que estão fora do nosso controle. O impacto da nossa atitude com relação à gestão financeira ecoa nas gerações atuais e futuras e, portanto, no ecossistema como um todo.

Por menor que seja o nosso salário, é possível conseguirmos nos garantir ao longo da vida – desde que o façamos com disciplina e conhecimento de causa. O problema é que educação financeira não é algo que aprendemos na escola, infelizmente. Erramos muito antes de, talvez, encontrarmos um caminho interessante, rentável, promissor.

E precisamos torcer para a crise política global não virar a economia de cabeça para baixo tão cedo. Do contrário, lá estaremos nós tentando entender novamente as perdas e ganhos implícitos na eleição de um maluco do outro lado do hemisfério.

Tem mais: além dos nossos diferentes níveis de familiaridade com o sistema financeiro, cada tipo de perfil lida de forma diversa com o tema “dinheiro”.

Para os de Humanas, entender finanças é uma literal tortura. Ao contrário dos de Biológicas, que prefeririam que dinheiro nascesse em árvore, os de Humanas gostariam que ele fosse, simplesmente, desnecessário. O sistema de troca poderia ser afetivo ou coisa assim. Dialogamos, chegamos num acordo, firmamos um registro histórico desse contrato, e estão resolvidas nossas interações de compra e venda. Tudo viraria permuta, olha que bonito.

Mas aí chegariam os de Exatas, com seus numerozinhos, cifrões e projeções, botando ordem na casa. Necessário, concordamos. Mas é um pouco injusto que apenas os que têm facilidade com raciocínio lógico sejam favorecidos nesse sentido. Os de Humanas não amam melhor, por saberem se expressar bem com palavras. Anyway, brincadeiras à parte, fato é que todos precisamos pagar contas e fazer o dinheiro milagrosamente se multiplicar ao longo do mês.

As dúvidas permanecem as mesmas, com o passar das gerações: compro uma casa ou moro de aluguel? Como tirar o melhor proveito do meu décimo terceiro? E essa tal de previdência, ajuda mesmo?

Talvez os bancos não sejam os mais adequados para nos darem boas respostas, já que suas missões envolvem fazer dinheiro com nosso dinheiro…

Resta-nos buscar informação. E ela está aí, no mar de especialistas anônimos que bondosamente compartilham conhecimento em diversos blogs e sites alternativos. Tem que saber filtrar, pois obviamente há muito lixo de oportunistas mal-intencionados. Mas, informação, tem de sobra.

Queremos, então, instigar as pessoas a serem menos apáticas com relação ao seu próprio dinheiro. 

Desconfiar de receitas mágicas que envolvem sorte, sorteio, sortudos.

Podemos ter uma gestão ativa e inteligente dos recursos que servem para nosso próprio sustento e – por que não? – deleite.

Por isso, aqui no Trinta e Umas, criamos uma editoria “Finanças” com essa finalidade: ajudar, informar e clarear o terreno nessa área tão delicada e tão crucial na vida de todos nós.

Estamos longe de ser analistas do mercado de capitais, mas somos entusiastas da inteligência financeira com o interesse comum de gerir bem nossos próprios recursos. Então, por que não compartilhar com o mundo as iniciativas que nos dão bons resultados?

Tem ideias de temas que seriam esclarecedores? Deixe aqui embaixo, nos comentários, pra gente abordar nos próximos textos.
Se, mais que isso, quiser colaborar conosco, será muito bem-vindo.