Faço parte de um grupo de mães neuróticas. Acho que é da geração, de criação, de frustração.

Difícil ser mãe, difícil ser profissional, difícil ser gente, hoje em dia.

Foi só engravidar, que comecei a ler textos e mais textos sobre a maternidade. Não sabia que existia esse “código velado de ética e boas práticas” que, de repente, aparece quando temos um bebê.

Não pode tocar na barriga sem pedir permissão. Não pode pegar na mãozinha. Dar beijo, então, nem por Jesus. Se for vó, está liberado um, no topo da cabeça. Não pode oferecer comida sem pedir para a mãe.

“Frescura”, a gente logo pensa.

Só depois de entrar para esse grupo entendi algumas das “noias”.

A gente passa por poucas e boas, mesmo, desde a gravidez até a chegada do bebê. Quer dizer, depois, quando ele cresce, também.

O número de pessoas que se diziam inconformadas com o tamanho da minha barriga era enorme. Estranho. Eu sempre aprendi que as barrigas cresciam bastante quando estavam fabricando seres humanos. Não era pra ser assim?

Uma amiga disse que eu estava com cara de mãe (não sei o que isso quer dizer), e completou: “acho que é porque você engordou no rosto”.

Fofa! Nem soube o que responder.

Realmente, não é fácil.

Ficamos com medo que nosso recém-nascido pegue alguma doença. Quando uma visita chegava em casa e não lavava as mãos, imaginava aqueles germes verdes que aparecem nas propagandas de produtos de limpeza de banheiro. Louca! Eu sei. Já falei que ia trocar meu bebê quando, na verdade, fui lavar as mãozinhas dele, onde foram tocadas.

Mas, enquanto estava xingando mentalmente essas pessoas, lembrei de um dia ter falado para uma amiga grávida: sua barriga está e-nor-me.

Eu fui dessas.

E a gente é dessas, mas não por mal. É falta de tato, talvez. Nem todo mundo que dá gafe com mães merece ser crucificada por ignorância (só algumas). Repita comigo: a coleguinha sem noção é amiga.

Às vezes, naquela festa em que você foi só com o marido, a colega perguntou onde ficou o bebê por curiosidade, para saber como você trabalha essa logística maternal, e não porque está te julgando.

O processo de engravidar e de ter o bebê é cruel com a mulher. Recebemos toda atenção e mimos do universo durante nove meses e, depois, nos dedicamos 110% a outro ser humano sem ninguém ligar para as nossas necessidades, isso é verdade.

Mas não é todo mundo, além de nossos maridos, que tem obrigação de saber pelo que estamos passando.

É mais fácil entender, relevar e deixar isso para lá do que vomitar um manual da etiqueta maternal em todo mundo que passar por perto.

Tocaram a sua barriga? Aff, nada a ver a mulher de recursos humanos da firma vir encostar. Mas, de verdade, que mal te fez? Deixe para lá. A real é que estamos tão exaustas, tão sensíveis, com os hormônios tão malucos, que talvez exageremos um tanto na reação.

Parece que nos unimos em um exército solidário de mães conscientes e ativistas, para colocar na cabeça dos pobres ignorantes o melhor modo de agir conosco e com nossos filhos.

Mas eu prefiro dar um passo para fora desse grupo e tentar pesar o que realmente vai me tirar do sério.

E, se eu não me culpo, se eu não me importo com que tipo de mãe os outros pensam que sou, não faz sentido esquentar a cabeça.

Sabe o que eu faço? Concordo com tudo que me dizem. “Você não está dando muita comida para ele?”. Respondo: você acha? Pode ser que sim, amanhã dou um pouco menos. E dou a quantidade que acho suficiente. “Será que não é melhor cobri-lo?”. Respondo: pode ser, cubra para mim, por favor? E depois de três minutos, tiro a coberta para o bebê não cozinhar. E assim tenho tocado esse um ano, com pouco estresse no quesito “pessoas sem noção”, e até com um pouco de aprendizado, porque nem sempre sabemos de tudo só porque somos A mãe e DEVEMOS conhecer nossos filhos.

Senti muita pressão desse tipo, e me dei bem quando passei a ouvir alguns conselhos e me permitir a conhecer meu pequeno aos poucos.

Você é mãe? Permita-se relaxar.

Tente e depois me conte.