Posso não demonstrar tanto, mas amo música. Meus primeiros passos para qualquer tarefa envolvem a adição de uma trilha sonora.

Vamos cozinhar? Lá vou eu dar um play no John Mayer. Lavar louça ou arrumar a casa? Guns e Rolling Stones. Banhos ficam mais divertidos com meus duetos imaginários de guitarra com o Eric Clapton. Embalei as primeiras madrugadas da minha filha com The Corrs – e ela dormia antes da segunda música, sem falha.

Tive minha fase Legião / Paralamas / Lulu, mas não escondo que sou muito mais “Antena 1” que “Nova Brasil FM”. Isso significa que gasto 99% do meu “tempo musical” ouvindo outra língua, que não a minha. Talvez esteja aí o motivo para minha apreciação musical ser muitas vezes como uma visita a uma galeria de arte sem meus óculos: vejo formas, aprecio cores, mas perco os detalhes. Detalhes eu só admiro quando paro para focar.

De tempos em tempos, sou surpreendido por um desses momentos de foco. O mais recente foi com a música “Forever Young” de Rod Steward.

Surpreendentemente, aquela balada que toca dia-sim-dia-não em várias rádios me acertou como um tijolo na cabeça.

Ao contrário do que uma análise superficial pode indicar, o “eternamente jovem” do título não se refere a algum cantor com síndrome de Peter Pan, mas à maneira como pais sempre verão seus filhos: eternas crianças.

Se você tem alguém na sua vida crescendo rápido demais – seja um filho ou não –, desafio que pronuncie as seguintes frases e sem ficar com um nó na garganta:

“Que o bom Deus esteja com você em cada estrada que perambular,
E que a luz do sol e felicidade cerquem você quando estiver longe de casa.
Que você cresça com orgulho, digna e verdadeira,
E faça aos outros o que faria a você mesma. Seja corajosa e valente
E, no meu coração, você sempre permanecerá eternamente jovem.
Que a boa fortuna esteja com você e a sua luz guia seja forte.
Construa uma escada para o céu com um príncipe ou um vagabundo.
Que você nunca ame em vão
E, no meu coração você sempre permanecerá eternamente jovem.
E quando você finalmente voar, espero que eu a tenha servido bem,
Por toda a sabedoria de uma vida ninguém pode realmente dizer.
Mas seja qual for o caminho que escolher, estou bem atrás de você, ganhe ou perca.
Eternamente jovem, eternamente jovem”

Minha eterna criança e motivo do meu nó na garganta nesta música tem nome: Bel.

Com apenas dois anos e meio – sabe Deus como, se nasceu ontem – já se foram as fraldas e vieram os argumentos. O “The Corrs” do sono virou o “Let it Go” para dançar. Em breve virão as agendas, os meninos, os livros e a faculdade, certamente acompanhados de suas respectivas trilhas sonoras.

O que podemos fazer para diminuir essa velocidade insana? Nada.

Podemos, porém, seguir o que a música sugere e aceitar duas verdades: eles crescerão, mas, para nós, serão eternamente jovens. Pôr em prática essa letra que conseguiu sair do ruído das demais e tentar aplicá-la.

Não tenho dúvidas que ficarei preocupado em “cada estrada por onde ela perambular”. Farei o possível para ensiná-la a importância de ser “corajosa e valente”. E mostrarei que apenas em Deus “a sua luz guia será forte”.

Para meu desespero, quando o futuro genro bater na porta, comprometo-me a não atirar nele – seja um “príncipe ou vagabundo”. Desde que ele não a faça “amar em vão”, claro.

E, mesmo com meus erros, espero poder olhar para a Bel do futuro e dizer:quando você finalmente voar, espero que eu a tenha servido bem”Mas, acima de tudo, prometo que “seja qual for o caminho que escolher, estarei bem atrás de você, ganhe ou perca”.

 E você? Qual música-tijolo te acertou ultimamente? Comente aqui embaixo!
Quem sabe não acerta outra pessoa também… 😉