Antes de ter filhos, as pessoas têm uma visão romântica sobre o que é ser mãe e pai.

Acham que é tipo o comercial da margarina: a família feliz.

Claro que há muitos momentos assim, ainda bem. No entanto, pouco se fala do quanto é cansativo o processo de educar, pois é preciso vigilância, perseverança e paciência de fazer inveja a Jó, o famoso personagem bíblico de quem Deus autoriza que o Diabo vá tirando as coisas para ver até onde ele aguenta.

Pois bem, vamos aos fatos. Semana passada, li o desabafo de um pai sobre os olhares de reprovação quando ele teve de deixar o restaurante em que jantava com a família, porque a filha de 2 anos fez uma cena depois que a mãe a proibiu de jogar tiras de frango nos outros.

O pai explica a situação e diz que as pessoas que o encaravam deveriam saber que educar é um processo demorado, pois elas mesmas tinham passado por ele. Verdade.

Porém, com o tempo, nós esquecemos como irritamos nossos pais.

Quantas vezes eles nos mandaram tomar banho, respondíamos com um “já vou” e nunca íamos? Quantas vezes eles repetiram a mesma coisa até aprendermos? Frases do tipo “mastigue de boca fechada”, “tire o dedo do nariz”, “lave as mãos antes de comer”, “arrume a cama”, “faça a lição de casa”, “cumprimente a titia”, entre outras tantas.

O que é isso se não educar?

Sim, educar é passar aos filhos os valores em que acreditamos, como honestidade, compaixão, respeito.

Mas acima de tudo é repetir: uma, dez, mil vezes.

Até que os filhos absorvam o que falamos e entendam que cada uma das coisas que repetimos à exaustão tem valor.

Comigo não é diferente. Meu filho é um tween: tem quase 10 anos e está naquela fase que eu chamo de “respostinha”. Para tudo ele tem resposta na ponta da língua e muitas vezes é insolente.

Em tempos passados, os pais jamais permitiriam esse tipo de coisa. No século XXI, contudo, educar é diferente. Há uma zona de intersecção maior entre pais e filhos. Temos que ser mais tolerantes, pacientes.

Claro que os casos mais graves de “respostinhas” são enquadrados na hora, em geral com castigos que o privam de algo de que gosta muito.

Mas costumo relevar os “crimes” mais leves, sob pena de passar o dia inteiro dando bronca no rapazinho.

Ainda que tudo isso muitas vezes me canse, acho que vale muito a pena ser mãe.

Um sorriso, um abraço, um desenho, um bilhete apagam de forma rápida (e afetiva) a falta de educação momentânea.

Educar dá trabalho, mas é recompensador.

Principalmente quando os filhos crescem e você vê neles os valores que plantou lá atrás passarem de sementes a árvores sólidas e frondosas.