2016 está acabando e não quero parecer ingrata. Muita coisa boa deve ter acontecido para várias pessoas este ano. Eu mesma consigo listar algumas que felizmente me surpreenderam.

Mas, sem dúvida, a maioria do universo que me rodeia quer mais é que 2016 suma logo do calendário.

Teve tragédia, teve drama, teve suspense. Pontos de virada é que não faltaram nesse enredo.

Politicamente, foi um dos anos mais conturbados – se não o mais – do século, com vexames nacionais e internacionais.

“Mas a população se uniu, acordou e, finalmente, se manifestou” – diria Pollyanna. Legal, que ótimo. Cada um de nós precisa mesmo avaliar se é tão melhor que o Trump (ou Temer, ou Dilma) assim.

Acontece que a crise econômica também pegou geral. E quando falo dela, não tiro minha responsabilidade ativa em cada detalhe da gestão da minha vida e da minha empresa. Mas é inegável que os fatores externos, em 2016, quiseram protagonizar – ou melhor, antagonizar – o filme do ano.

O que vi de micro, pequena e média empresa falindo em 2016 não tá escrito. O que vi de grande empresa passando a faca no quadro de funcionários não dá pra contar. Mas o que vi de nego se reinventando pra sobreviver é admirável!

Nossa geração – os tais millennials -, tem sido chamada de “mimizenta”, no pior sentido da palavra: como se fôssemos mimados, reclamões e pouco dispostos a enfiar a mão na massa, no trabalho e na vida.

Vejo, sim, essas características em muitos jovens de vinte e poucos anos com quem já convivi e que já contratei, inclusive. No entanto, a maior parte de meus colegas trintões continuam lá, firmes e fortes, suando para alimentar as caldeiras das corporações e/ou colaborando com a roda da economia em suas próprias microempresas.

Acho um pouco injusto botar todo mundo no mesmo saco de farinha, porque a geração Y que eu conheço e da qual faço parte lutou – e luta muito – para subsistir.

Assim como a geração X, os baby boomers e todas as anteriores lutaram em seus contextos.

Ouvi alguns grey hairs dizerem que a crise atual não foi nada perto da Ditadura, do Plano Collor, da recessão, da inflação e muitos outros “ãos” que já passaram.

De fato, 2016 não deve ter sido um ano pior que os anteriores, que nossos pais e avós enfrentaram. Mas foi o que doeu em nós.

Então, ele lateja, arde e incomoda mais, simplesmente porque está mais recente. Talvez 2016 tenha nos trazido a primeira crise que afetou diretamente nossa fase adulta. Tivemos medo de não ter dinheiro para sustentar nossa família. Perdemos nossos empregos. Vimos de perto o terror dos juros e das contas negativas.

Pode ser que nada disso seja novidade para quem já viveu 40 ou 50 anos. Mas, para nós, foi inédito e assustador.

Dizem na numerologia que quando a soma dos números (2+0+1+6) dá 9, estamos no final de um ciclo, e o período tende a ser o estopim de uma profunda transformação. Prefiro acreditar simplesmente que dias melhores virão. Mas não pretendo ficar passivamente esperando por eles, e sim fazer minha parte para que venham.

Se 2016 foi sinônimo de crise, quero mais é me despedir dele com gratidão. Que os tropeços nos sirvam de impulso para que façamos melhores escolhas.

E que venha logo um feliz ano novo!