Sou uma pessoa muito exigente – com o mundo, mas principalmente comigo mesma. Crítica, detalhista. Sempre querendo fazer o melhor, o incrível, o resultado desbundante.

De certa forma isso sempre foi empecilho para não fazer mais. Afinal, fazer algo mal feito? Jamais! Fazer sensacionalmente bem demanda tempo e uma energia psíquica enorme.

Aquele juiz interno ali, te apontando tudo o que você poderia ter feito melhor e não fez. Tudo o que você poderia ter sido e não foi.

Aí, de repente, você se depara com algo na sua vida. Uma publicação. Um curso. Um evento. Algo que você leu, consumiu, ou do qual participou. E que, por ter lido, consumido ou participado, você critica – ainda que faça sucesso, ainda que muita gente esteja curtindo. Você critica porque é algo que você poderia ter feito mil vezes melhor.

Qual a diferença? Alguém foi lá e fez. E você não.

Tempos atrás vi este vídeo e foi uma cacetada na minha cara. Curto a parte que diz “Se você vive preocupado com a perfeição, você irá odiar qualquer coisa que fizer perfeitamente bem hoje, daqui a um ano. Você não vai curtir porque se tornará melhor naquilo. Então, porque se estressar em ser perfeito agora?” (tradução livre)

Seja um texto, um projeto, uma mudança de vida: finished, not perfect.

Não bastando essa obsessão pela excelência que beira o auto boicote, temos outro grave impeditivo à espreita: nossa necessidade de cultivarmos super-heróis a qualquer custo.

Não basta um cara comum ir lá e fazer. A gente logo começa a botar defeito. Se alguém como a gente vai lá e faz, não pode. Descrédito imediato. Porque só joga na nossa cara o quanto podíamos ter feito igual e não fizemos. Não. No lugar, tem que ser um cara incrível, perfeito, arrastador de multidões, colecionador de likes. O tal do empreendedorismo, a pródiga do MIT, o milagroso do coaching, o cara da produtividade total.

Quase nos esquecemos que eles são apenas pessoas focadas, que obtiveram resultados sobre o que plantaram. Com auxilio das ferramentas certas, com muito marketing envolvido, linguagem fácil, missão clara. Sim, eles têm o meu crédito e sigo vários deles.

Mas, não, não são super-heróis.

Enquanto os consagramos, diminuímos nossa capacidade de sermos nós mesmos. Não nos achamos capazes, porque não somos eles, os AZES do negócio em que atuam.

Na hora em que pararmos de fazer essas comparações, vamos nos dar liberdade para compartilhar o que sabemos e somos. Ainda que pouco, ainda que careça de melhorias. Da mesma forma, uma ode aos “feitos imperfeitos” dos amiguinhos! São só a visão de quem está neste mundo aprendendo tanto quanto você.

Sabe a mão que nunca levantamos durante a sessão de perguntas de uma palestra? O medo de fazer aquela questão idiota, que acaba sendo perguntada por outra pessoa? No lugar: que tal nos expormos mais?

Quero mudar minhas perspectivas, ouvir gente comum. Parar de alimentar meu juiz interno com referências inalcançáveis que só me limitam e me fazem crer na minha incapacidade.

Qual sua história? Seu projeto? Aquilo que te faz único e você não está contando? Eu quero saber o que você está pensando. Tenho certeza que vou aprender muito.

O mundo precisa mais de mim. E de você. Bora fazer.