Gente, e agora? Tá todo mundo nessa de largar o emprego, pedir as contas e ir fazer hambúrguer, artesanato, dar a volta ao mundo e ser feliz.

Ok, não é toooodo mundo. Mas volta e meia uma notícia dessas bomba na sua timeline. Ou acontece com aquele seu amigo da faculdade. Ou com o cara que trabalhava do seu lado. É como se, de repente, essa fosse a glória (ou a redenção?) do século XXI. E opiniões das mais diversas surgem:

– Também quero, serei o próximo!
– Poxa, que bacana, mas não é para mim…
– Isso é para os hippies urbanos, filhos da classe média branca!

Aí você não sabe se torce contra ou a favor. Não sabe se essa vida também é para você. Ainda mais se você está ralando para ter uma carreira de sucesso, sem previsão de quando a balança da satisfação vai se equilibrar. Ou pior (e mais comum): sem saber se o que você faz realmente te realiza.

Posso dizer que eu estava mais ou menos assim. Ouvi esse chamado do larga-tudo-e-vem-ser-feliz. E fui. E, por estar no meio desse processo, quero te contar duas coisas:

  • Rola a maior EXPECTATIVA x REALIDADE aqui. Tudo culpa da glamourização desse largar tudo que ninguém te explicou direito ainda.
  • Sabe a parte do ser feliz? Também tá mal explicada. O conceito mudou e essa é a parte mais bacana da história.

Calma, vamos por partes.

Em primeiro lugar, não, ninguém largou o emprego e ganhou o troféu da felicidade de presente, de graça, sem riscos nem ônus. Este não é o pulo do gato direto para o fim do arco-íris, onde um incrível pote de ouro estará lá te esperando.

Esquece agora mesmo que é tudo lindo. Porque não é.

Pra dar certo, você precisa, no mínimo, de um bom planejamento financeiro. E também de autoconhecimento. E de coragem. Ah, e de disciplina. Principalmente se você não nasceu com privilégios de berço, que te permitem ousar sem se preocupar com a grana envolvida (o que ainda faz deste um movimento elitista, considerando as nossas desigualdades sociais).

Em segundo lugar – importantíssimo! –, as pessoas não largaram tudo: elas trocaram seus empregos dentro do modelo de sucesso atual por outro que lhes trouxe mais realização. O que não é sinônimo de falta de chefe, ou de horários. Pode ser que seja. Pode ser que não. Pode ser que esta galera esteja fazendo uma grana, mas pode ser – e o mais provável está aqui – que eles estejam sobrevivendo com menos (por isso o planejamento financeiro é essencial).

Aí é que vem aquela parte do ser feliz que também está mal explicada.

Se você está em busca daquele cargo bacana numa empresa de renome, quer ter um excelente salário, etc. – ou seja, se você está feliz com esse modelo de carreira de sucesso – meu amigo, não tem nada de errado. Siga feliz nessa trajetória (só lembrando que o mercado está em transformação e você deverá se preparar para isso).

Porém, contudo, todavia, entretanto, se esse modelo não te sustenta mais, você pode escolher mudar. Pode fazer de manhã algo que te mova em direção ao seu propósito, e à tarde fazer algo completamente diferente, mas que te ajude a pagar as contas no fim do mês. Pode ter três profissões ao mesmo tempo. Pode ser empreendedor. Pode ser empregado. E tudo bem.

Se você sabe o que está buscando, e está se movendo em direção a isso, então viva sem olhar para os lados. O que não dá é pra viver sem saber o que você realmente quer.

Viu como essa era a parte mais bacana da história? E também é a mais difícil, porque traz a responsabilidade para você mesmo. Afinal, se você pode escolher como ser feliz, cabe apenas a você ir em direção a isso.

O mais interessante é que ninguém precisa largar tudo para ser feliz. A gente só precisa saber o que está buscando.

Se, na sua busca, o modelo de carreira não fizer mais sentido, vem se jogar comigo nesse processo de transição. Acredite: ainda estou longe de ter esse glamour da felicidade. Porém, sinto-me extremamente recompensada e coerente com minhas convicções.

E você, já sabe o que você está buscando?