O título deste texto é um dos mais clichês ever, eu sei.

Dava pra fazer até um meme dele, no estilo daquele garotinho do “Três É Demais” fazendo cara de retardado: ‘pi qui vici ni imidirici’.

Clichês irritam, sim. Parece que subestimam nossa inteligência.

Mas, pense comigo: eles somente são considerados obviedades porque retratam algum tipo de verdade, não é mesmo? Em geral, inclusive, daquelas que não conseguimos colocar em prática.

Hoje, então, só pelo prazer despretensioso da aplicação de teorias banais, vamos discutir esse clichezinho simples do problema x solução.

Diante de situações adversas, qual tem sido nossa atitude? Ser parte do desafortunado problema ou da bendita solução?

Minha prima conta histórias hilárias da época em que atuava na área de telemarketing, como suporte técnico, logo nos primórdios da internet:

– Senhora, preciso que reinicie o computador. Não sabe como? Eu ajudo, fique tranquila. Por favor, clique no botão “Iniciar”. Não, não é o que liga o computador. Ele fica na sua tela. Olhe para o canto inferior esquerdo do seu monitor. O que a senhora está vendo?

– Uma pranta.

Esse fato verídico e bizarro ilustra bem a literalidade de algumas de nossas reações diante de problemas. É como se estivéssemos cegos, perdidos e desorientados dentro do labirinto da vida, feito ratinhos de laboratório.

Olhe ao seu redor. Pense em seus relacionamentos. O que você vê (além da “pranta”, energúmeno)?

Sofrimento, reclamação, dor, angústia, pânico, depressão, rancor, tristeza, solidão? Ou é só aqui por perto que “tá todo mundo mal”, como há algum tempo já alardeou a Jout Jout?

Vamos além.

Diante da crise econômica, do cenário vexatório de corrupção em nosso país, da sequência de escândalos e notícias terríveis que assolam o mundo em velocidade assustadora, qual tem sido nossa atitude?

Somos do time que reclama e faz barraco no Facebook porque o coleguinha pensa diferente de nós? Ou pertencemos ao grupo que revê a própria conduta e começa a fazer diferença no microambiente, ensinando aos filhos que não se deve colar na prova, fazer carteirinha falsa, desrespeitar o professor…?

Será que essa nossa geração que é tão avessa a clichês e tão adepta à originalidade, à economia colaborativa e às hierarquias horizontais consegue internalizar esse conceito simples, de quebrar o ciclo e buscar soluções – em vez de viver se lamentando pelos males?

Ser parte do problema é ver a pranta. É não conseguir tirar os olhos do próprio umbigo. É se vitimizar, ó, céus, ó, vida.

Ser parte da solução é fazer força para sair do furacão. É remar contra a maré, nadar contra a correnteza. (Deixa ver que outro clichê se encaixa bem pra definir isso aqui… hm… já sei!) É saber que quando estamos no fundo do poço, só podemos avançar para uma direção: para cima!

Outro dia me dei conta: há semanas não interagia com uma pessoa sequer que me desse boas notícias, ou que estivesse plenamente realizada e feliz. Isso é grave, deprimente e – pior – contagioso.

Devemos escolher dias melhores.

Precisamos, por tudo que é mais sagrado, ser parte da solução.

Isso é óbvio para você? Ufa.