Como muitos da minha geração (e das gerações anteriores e posteriores), sempre sonhei em ter um negócio próprio, o qual ficou conhecido como “plano B” e ganhou anos e anos de gestação, escondido numa gaveta.

Aquele sonho foi crescendo e, quando a vida me deu um empurrão, lá fui eu tirá-lo da gaveta. Era hora de investir no sonho e, para isso, eu precisava me preparar (intelectualmente falando).

Foi assim que decidi que o Empretec seria a qualificação perfeita para dar o primeiro passo. Trata-se de um seminário desenvolvido pela Organização das Nações Unidas em mais de 30 países que visa desenvolver atitudes empreendedoras. No Brasil, o SEBRAE ministra o seminário em diversas de suas unidades espalhadas pelo Brasil (e, com isso, já capacitou mais de 180 mil pessoas. Eu, uma delas, e também algumas das minhas parceiras de Trinta e Umas).

Não basta se matricular. Para participar, além de querer, estar aberto e ter um motivo real, é necessário se inscrever preenchendo um longo formulário cheio de perguntas pessoais e profissionais, passar por uma entrevista e – claro – ser selecionado.

Depois, basta se dispor a dedicar-se de corpo e alma durante 6 intermináveis dias (sim, porque eles dizem que são 60 horas de seminário, mas a gente trabalha muito mais do que isso). Ah, e pagar (mas o valor é subsidiado pelo SEBRAE, cabendo apenas uma parte aos participantes).

Calma, que o texto não tem spoilers do curso! Prometo que não vou revelar detalhes (até porque o Empretec tem um “mistério” e a gente não pode dizer nada para quem ainda não passou pela experiência).

Fato é que nestes intensos dias eu aprendi muitas coisas. Basicamente, somos desafiados a desenvolver dez características empreendedoras que listo abaixo (porque sei que você, leitor, vai morrer de curiosidade para saber quais são).

Mas o que eu realmente levei para a minha vida, compartilho em seguida.

10 lições que o Empretec me ensinou para a vida

  1. Busca de Oportunidades e Iniciativa

Tudo que a gente faz depende de muito suor e também de sorte. Na verdade, mais suor do que sorte, porque se você não suar muito, primeiro, quando a sorte bater à sua porta, você não vai saber como lidar com ela. Aliás, a sorte provavelmente nem baterá à sua porta. Quando você está ali, batalhando, suando, “ralando”, você acaba encontrando a sua própria sorte. Abra sua mente e seu coração e busque tudo aquilo que você deseja. Desde que você desmamou, nada na vida vem de mãos beijadas.

  1. Persistência

Uma coisa que aprendi muito antes do Empretec, ainda na faculdade de marketing, e tanto o seminário como a vida de empreendedora confirmaram: a gente pode olhar os problemas como ameaças ou oportunidades. Se aquele obstáculo, ou aquela situação, ou aquele cenário se mostrarem difíceis e você não conseguir transpô-los, eles serão ameaças. Mas, se você olhar aquela situação e buscar alguma coisa nova, melhor, diferente e que possa agregar à sua vida ou ao seu negócio, então passa a ser oportunidade. Não é papo, não. A gente sempre ouve histórias (e vive também) de situações onde um problema acabou impulsionando a pessoa para a melhor solução.

Aqui valem as máximas: “Se a vida lhe der limões, faça uma limonada” e “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Sua vó já tinha características empreendedoras e você nem sabia.

  1. Correr Riscos Calculados

Uma vida sem desafios não é vivida ao máximo. Corremos o risco de ficar fechados naquele universo que todos chamam de zona de conforto, sem conhecer nem testar limites e novas situações.

Neste sentido, errar significa aprender (e não voltar a cometer os mesmos erros). Não podemos nos colocar em situações de riscos desnecessários e que tenham potencial prejudicial às nossas vidas ou à nossa empresa, mas também não podemos viver numa bolha superprotegida.

E lá está a sua avó falando “Quem não arrisca, não petisca”.

  1. Exigência de Qualidade e Eficiência

Você fez uma vez, deu certo e está bom. Mas a vida quer o ótimo. Além disso, o bom de hoje pode se tornar o ruim de amanhã, então o melhor é estar preparado para isso. Não dá para arriscar.

Quando a gente vai ao teatro, não quer saber se o ator já fez aquela performance 1.238 vezes. Esperamos que a apresentação seja marcante e inesquecível. Se tiver um toque único, então, melhor ainda. E nada de atrasar. Então, por que você quer sempre entregar a mesma coisa para seu chefe ou seus clientes? Ou para seus filhos? E por que adiar a entrega, se você já sabe dos seus prazos?

Encare isso de maneira madura, assuma seus compromissos, conheça seus processos e suas entregas. Planeje-se. E, sempre que puder, surpreenda (de maneira positiva). Isso deixa uma marca inesquecível nas pessoas.

  1. Comprometimento

Para mim, um dos mais valiosos e difíceis aprendizados foi “Traga para si a responsabilidade sobre o sucesso e o fracasso”. Quantas vezes a gente não vê as pessoas procurando se eximir das próprias responsabilidades e jogando a culpa pelo fracasso nos outros? Ou colhendo os louros dos sucessos sozinhas? E quantas outras vezes não fizemos, nós mesmos, isso?

Como diria meu facilitador (o “professor” do seminário): “É doído”. Mas vou dizer que é extremamente rico e frutífero. Minha vida, de fato, mudou quando deixei de procurar culpados e desculpas e passei a assumir minha parcela de responsabilidade e tomar as rédeas das situações.

O mesmo também vale para os louros. Se são meus, a mim pertencem. Aprendi a valorizar minhas conquistas com muito orgulho (sem ficar arrogante, claro).

Da mesma forma, quase sempre esse comprometimento envolve outras partes (parceiros, clientes, fornecedores, equipes) e dependemos deles para atingir o que pretendemos. Assim, também é fundamental trabalhar em conjunto e colocar essa relação de longo prazo acima de resultados imediatos e superficiais.

Pense comigo numa metáfora simples: se sua casa precisa ficar arrumada e limpa, é necessário que todos os habitantes dela contribuam (e isso pode envolver até os filhos). Mas não é só a limpeza imediata que está envolvida na situação, mas também o convívio diário, o impacto disso na rotina de todos, o sentimento de aconchego e compartilhamento do lar. Então, essa pílula de sabedoria vale para todos os aspectos da vida.

  1. Busca de Informações

A vida pós-Google é uma maravilha: a gente encontra todas as respostas que busca em segundos. Depois do Facebook, então, conseguimos dicas e palpites pra tudo (quem não sabe, marca no post quem acha que sabe).

Já que temos ferramentas tão poderosas (essas e milhares de outras, claro), não tem desculpa para não se informar. Ah! E dados não são informações, ok?

  1. Estabelecimento de Metas

É impressionante como esse exercício traz resultados. Você quer marcar aquelas tão sonhadas férias na Tailândia, mas não apenas não define uma data, como também não junta dinheiro para viajar (aliás, não faz ideia de quanto custa uma viagem para lá, só sabe que é bem cara).

Se você não colocar aqueles seus sonhos e desejos como metas claras e definidas, com dia, mês e ano para acontecerem, e não traçar um caminho para chegar até as suas conquistas, nada vai acontecer. Elas não vão passar das famosas “promessas de Ano Novo” (que nunca deixam de ser promessas).

Pode parecer bobagem, mas escrever num papel a sua meta, a data e o passo a passo a ser cumprido para chegar até ela, vai tornar o caminho muito mais fácil e concreto. Até porque quando você escreve, você coloca prazo e recursos em cada passo, e acaba tendo uma noção de como chegar lá. “Oncotô”, “Proncovô”, sabe?

  1. Planejamento e Monitoramento Sistemáticos

Se você acha que porque escreveu sua meta num papel, colocou uma data e listou o passo a passo dela, você vai conseguir conquistá-la, lamento informar: não vai. É preciso mais do que isso.

É fundamental acompanhar o plano de perto e ter algumas medidas para saber se está no caminho que traçou. Aliás, é bem provável que tenha que mudar o curso das coisas, já que a vida não fica parada e vários fatores vão influenciar positiva ou negativamente o seu plano. Então é bom ficar de olho.

No caso da viagem à Tailândia, pode ser que o dólar mude, que a companhia área cancele os voos que você planejava pegar, ou que você seja demitido do trabalho e não consiga juntar os recursos necessários no tempo imaginado. Haja ajuste fino.

  1. Persuasão e Rede de Contatos

“Nenhum homem é uma ilha” e, por isso mesmo, precisa (e depende) de outras pessoas para conquistar aquilo que busca. Até porque isso torna tudo mais fácil.

De novo o exemplo da Tailândia: o quanto facilitaria a sua vida conversar com aquele amigo que acabou de voltar de lá? E se você descobrisse que pode conseguir um patrocinador para a sua viagem? As possibilidades são inúmeras.

Portanto a rede de contatos é extremamente importante, seja para trocar uma ideia, aprender com os erros alheios (uma baita economia), conseguir apoio e suporte, ter acesso a uma pessoa ou informação crucial para seus objetivos e até para prospectar clientes ou parceiros.

Em muitos casos, é possível conquistarmos tudo sozinhos (claro que somos capazes) mas, se nos organizamos em sociedade e redes, certamente temos ganhos imensuráveis. Teste e comprove.

  1. Independência e Autoconfiança

Para começar, é preciso confiar em si mesmo. Afinal, você supostamente já concluiu todos os passos acima. Depois, é preciso manter o ânimo, manter a cabeça no lugar e o olho na meta.

Não dá para se deixar abater por cada desafio, cada opinião contrária ou até mesmo duvidar da própria capacidade. Empreender significa ter um preparo muito grande, conquistado com o suor de cada dia, batalhado, aprendido, vivido.

Por isso, é preciso também acreditar em si mesmo e na sua capacidade, nas suas qualidades. Isso significa conhecer-se e saber do que é (e não é) capaz.

Quando participei do seminário do Empretec, fiz grandes amigos, tive que me despir dos meus conceitos e pré-conceitos e mergulhar numa grande viagem interna. Saí de lá pilhada, com uma energia inesgotável e uma bagagem que levo para toda a vida. Aonde quer que eu vá (na empresa que eu montei e depois vendi, na viagem que fiz para morar fora do país, nas empresas em que trabalhei desde então), o que quer que eu faça (nas minhas atitudes em casa, nos ensinamentos que passo para meus filhos, em trabalhos voluntários), estou sempre ali, exercitando essas dez forças incríveis.

Coloque-as em prática e verá como elas podem ajudar você também.